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ABRIL MARROM - Combate à cegueira começa com informação

12/04/2021

 

Especialista aponta SETE fatores que contribuem para a perda de visão 

 

Perder a visão causa um impacto muito significativo não só na vida de quem ficou parcial ou totalmente cego, como na rotina dos familiares, amigos, colegas de trabalho etc. Gera, inclusive, um impacto econômico. Mas o mais grave mesmo é atravessar essa fase em que a pessoa perde autonomia, passa a depender mais dos que estão à sua volta para realizar tarefas que antes eram automáticas. As consequências, em muitos casos, envolvem perda de atividades sociais e profissionais – ou seja, de qualidade de vida. Por isso é tão importante que a população entenda o que pode levar à perda de visão, quer seja parcial ou total.

De acordo com o médico oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, é importante estar atento a SETE fatores principais:

1.     Fumo. “É fundamental compreender que o cigarro impacta negativamente a saúde ocular. Está bem descrito em vários estudos. Quem fuma está muito mais predisposto a sofrer de problemas como uveítes, degeneração macular relacionada à idade (DMRI), síndrome do olho seco, catarata etc. O paciente diabético que fuma, então, tem risco bastante aumentado para a degeneração da visão”. 

2.     Sol. “O uso de óculos de sol deve ser observado desde a primeira infância. Bebês são expostos involuntariamente ao sol durante passeios no carrinho – o que demanda um cuidado maior por parte de quem toma conta deles. Vale dizer que os efeitos nocivos dos raios UVA e UVB são cumulativos, tanto para a pele como para os olhos. Sendo assim, ninguém deveria sair de casa sem uma camada de protetor solar e óculos escuros. A exposição exagerada aos raios solares pode causar, no mínimo, nove doenças oculares: câncer de pele, câncer da conjuntiva (membrana mucosa e transparente que reveste e protege o globo ocular), pinguécula (espessamento da conjuntiva), pterígio (fibrose da conjuntiva), ceratite (inflamação da córnea), catarata (opacificação do cristalino), degeneração do vítreo (responsável por manter a forma esférica do olho), retinopatia solar (queimadura da retina) e degeneração macular (deterioração da visão central)”.

3.     Equipamentos eletrônicos. “A luz azul-violeta dos LEDs não cega, mas pode ser bem agressiva aos olhos e seus efeitos vêm sendo cada vez mais estudados. Ela está nos escritórios e escolas (luz espiral), nos aviões, nos dispositivos móveis que acessamos continuamente durante o dia e a noite. As crianças são as mais vulneráveis à emissão dessa luz, já que têm acesso a todos os dispositivos tecnológicos – tanto como diversão, quanto nos estudos. Como seus olhos estão ainda em desenvolvimento, eles não têm pigmentos que ajudam a filtrar uma parte dessa luz. Mas isso não quer dizer que os adultos não estão correndo risco, especialmente aqueles que estão sempre conectados com todas as novidades tecnológicas. O primeiro problema para quem passa muitas horas por dia diante do computador ou do celular é uma redução significativa na produção de lágrimas. Com o tempo, a visão fica estressada. Ou seja, mesmo que temporariamente, a pessoa percebe imagens com pouca definição, meio sem foco e borradas, resultado da pouca lubrificação ocular. Além disso, episódios de dor de cabeça e enxaqueca podem se tornar mais frequentes. O ideal é limitar o uso e estipular uma pausa pelo menos duas horas antes de ir para a cama”. 

4.     Dieta desequilibrada. “Grande parte dos brasileiros ingere açúcar demais, sal demais, gordura demais e frutas e legumes de menos. Para preservar a visão, é fundamental corrigir esses erros e passar a consumir mais saladas de folhas verde-escuro, mais frutas e vegetais amarelos e alaranjados, sementes e nozes, trocar a carne vermelha pelo peixe pelo menos uma ou duas vezes na semana, evitar comida processada ou cheia de conservantes. A ideia é aumentar a ingestão de vitaminas, minerais, proteínas saudáveis, ômega-3 e luteína, já que os alimentos antioxidantes oferecem grandes benefícios à saúde ocular, retardando doenças como catarata e degeneração macular”.

5.     Quantidade de açúcar no sangue. “Pelo menos duas vezes ao ano as pessoas deveriam fazer um exame de sangue simples para verificar, por exemplo, os níveis de colesterol, triglicérides e glicemia (açúcar no sangue). Evitar o diabetes, mesmo para quem já conta com o fator hereditário, é fundamental na preservação da visão. A retinopatia diabética danifica os vasos sanguíneos dentro da retina. Quando o paciente não faz exames regularmente, a visão pode ficar seriamente comprometida. O exame de fundo de olho detecta pontos e vasos sanguíneos propensos a romper e desencadear hemorragia. É sempre melhor investir na prevenção do que correr atrás do prejuízo depois”.

6.     Doenças oculares não tratadas. “Algumas doenças da visão precisam ser tratadas e acompanhadas desde o início por um oftalmologista, caso contrário podem resultar numa perda significativa de acuidade visual e até mesmo atingir o estágio de cegueira total, que é quando a pessoa não percebe nem variações de luz. 

a.     DMRI(degeneração macular relacionada à idade). Essa doença compromete a mácula – responsável pela visão central. Pacientes que têm a doença nos dois olhos sofrem de cegueira parcial, já que contam apenas com a visão periférica, vendo apenas formas e movimentos. O tratamento prevê mudanças em hábitos alimentares, combate ao fumo, consumo de fórmulas antioxidantes e aplicação de injeções intravítreas para interromper a perda de visão. 

b.     Glaucoma. O glaucoma está relacionado à pressão ocular. Quanto maior a pressão dentro do olho, maiores as chances de os nervos ópticos serem danificados e o paciente começar a perder visão. O que inicialmente são apenas alguns pontos cegos, com o tempo resultam em uma perda considerável e irreversível da visão – resultando em perda de autonomia e bem-estar. Quando o fator hereditário está presente, o paciente deve ser monitorado desde os 20 anos de idade.

c.     Catarata. Essa é uma das principais causas no mundo de cegueira reversível. A doença atinge principalmente pessoas com mais de 60 anos, sendo diagnosticada quando o cristalino começa a ficar embaçado. O paciente geralmente se queixa que não consegue enxergar bem porque tem uma nuvem impedindo a visão. A boa notícia é que essa perda de transparência é facilmente resolvida com uma cirurgia em que o cristalino comprometido é substituído por uma lente intraocular, permitindo ao paciente voltar a enxergar até melhor do que antes". 

7.     Acidentes. “As lesões nos olhos são consideradas a principal causa de perda de visão de um olho só (cegueira monocular). Além dos acidentes de trânsito, outras situações muito comuns aumentam as chances de danos irreparáveis. Quando uma criança ganha uma bicicleta, um skate ou ainda patins, mas não ganha junto os acessórios de proteção – o que inclui óculos apropriados – ela está sendo exposta a esse risco. Quando um operário trabalha exposto ao risco de algum componente ou partícula atingir seus olhos, também tem as chances de perda de visão ampliadas. Até mesmo as lesões nos esportes aumentam as chances de perda de visão por conta de uma entrada mais dura do adversário ou até mesmo quando é atingido pela bola. Sendo assim, é importante avaliar o tempo todo se as atividades praticadas não estão expondo a um risco desnecessário e tomar as devidas precauções”. 

 

Fonte: Prof. Dr. Renato Neves, médico oftalmologista, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo – www.eyecare.com.br

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