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CERATOCONE - Possibilidades de tratamento elevam a doença ao status de especialidade

07/10/2014

A variedade de tratamentos que surgem para o ceratocone têm elevado a doença à condição de especialidade. A doença, resultado de uma alteração das fibras de colágeno que, progressivamente, faz com que a córnea adquira formato cônico e irregular, resultando em consequente progressão da miopia e do astigmatismo, acomete uma em cada duas mil pessoas. De causa ainda desconhecida, sabe-se apenas que a genética, o ambiente (alergias, coceiras nos olhos, estresse oxidativo) e fatores hormonais desempenham um papel fundamental para o aparecimento do problema. Por isso, é tão comum durante a puberdade e a gravidez. Mas outros fatores, como o uso incorreto de lentes de contato, podem provocar ceratocone.

De acordo com Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care hospital de Olhos, em São Paulo, visão embaçada é geralmente o sintoma que leva o paciente a recorrer a um especialista neste caso. “Em princípio, o que poderia parecer um astigmatismo elevado, pode se transformar num diagnóstico de ceratocone depois de submeter o paciente a uma topografia corneana, exame realizado na fase inicial da doença. Em muitos casos, a doença permanece na fase mais simples, sendo tratada com o uso de óculos de grau. Já a forma mais grave pode resultar na perda da visão – exigindo transplante de córnea. Por isso, essa doença ocular preocupa tanto e exige diagnóstico precoce para interromper sua progressão e permitir um tratamento mais bem-sucedido”.

Neves chama atenção para as cinco etapas da doença: inicial (que começa com óculos e lentes de contato), moderada e estável, moderada em evolução, avançada e avançada com opacidades (que exige transplante de córnea). Vale a pena conhecer um pouco mais do que cada tecnologia e tratamento oferecem. O médico chama atenção para oito opções de tratamento do ceratocone:

1. LENTES DE CONTATO. No início, a doença pode ser tratada com o uso de lentes de contato ou de óculos. As lentes mais modernas oferecem melhor resultado. A híbrida tem a parte central mais rígida e a periférica gelatinosa. Já as lentes esclerais dão um resultado ainda melhor. Por terem um diâmetro grande, elas se apoiam na parte branca do olho, a esclera, oferecendo mais conforto e segurança.

2. LENTES INTRAOCULARES FÁCICAS. Quando o paciente também tem uma miopia muito forte, ele pode se beneficiar das lentes intraoculares fácicas. Elas são implantadas no interior dos olhos e podem corrigir até 20 graus. Geralmente, essas lentes proporcionam excelente melhora da visão à distância sem necessidade de óculos de grau ou lentes de contato.

3. ANÉIS INTRACORNEANOS. Numa fase intermediária, os anéis intracorneanos são indicados para restaurar a asfericidade da córnea, ou seja, para o seu aplainamento. Eles podem melhorar a tolerância às lentes de contato e adiar uma cirurgia. A técnica envolve a inserção de dois segmentos de arco de acrílico especial na córnea. O procedimento tem aprovação do FDA (Estados Unidos) e da ANVISA – sendo item obrigatório de correção por planos de saúde no Brasil.

4. CROSSLINKING DE COLÁGENO. O crosslinking é uma técnica que não só endurece a parte anterior da córnea e estabiliza o ceratocone, como em alguns casos proporciona melhor visão. Ele se resume à aplicação de uma vitamina chamada riboflavina (B2) na córnea que, quando exposta à luz ultravioleta a cada cinco minutos durante um total de 30 minutos, estimula novas ligações entre as moléculas de colágeno. Trata-se de uma alternativa segura e que tem resultado em importantes benefícios para os pacientes.

5. MÉTODO CAP – Contour Ablation Pattern. Com esse tratamento personalizado, o cirurgião utiliza o laser Excimer precisamente controlado para esculpir a córnea e atingir o resultado ideal. Pacientes com mais de 30 anos de idade, visão estável e córneas com espessura suficiente, podem se beneficiar muito do método CAP, obtendo resultados bem parecidos com a cirurgia a laser PRK (fazendo uso de óculos). Normalmente, o crosslinking é associado a essa modalidade.

6. TRANSPLANTE DE CÓRNEA. O transplante de córnea é uma opção a ser considerada nos estágios mais avançados de ceratocone. Os resultados têm apresentado uma taxa de sucesso superior a 97%. O paciente pode realizar uma cirurgia a laser (LASIK ou PRK) logo após o transplante e ficar menos dependente de óculos ou lentes de contato.

7. CERATOPLASTIA LAMELAR PROFUNDA (DALK). Neste caso, o transplante é realizado tomando-se o cuidado de preservar a camada interior da córnea – chamada de endotélio. Essa técnica tem se destacado por reduzir os casos de rejeição. Havendo qualquer embaçamento da visão depois do transplante, o paciente deve procurar seu médico imediatamente. Até porque, em caso de rejeição, o paciente recupera 100% da visão se ela for imediatamente tratada.

8. LASER DE FEMTOSSEGUNDO. Trata-se de um dos maiores avanços na cirurgia de córnea nos últimos 30 anos. O uso do laser de femtossegundo, que utiliza pulsos de luz no lugar das lâminas de corte, vem surpreendendo tanto a classe médica quanto os pacientes. A cirurgia é muito mais precisa e segura, além de garantir rápida recuperação para os pacientes. Essa tecnologia vem sendo bastante valorizada pelos portadores de ceratocone que desejam melhorar a visão com ou sem lentes de contato. Seu uso também já foi aprovado na realização de transplante de córnea (também conhecido como IEK).

Fonte: Prof. Dr. Renato Neves, cirurgião-oftalmologista, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo – www.eyecare.com.br

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