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Orelha de abano: até que ponto cirurgia plástica resolve?

03/08/2007

“Às vezes, o paciente operado olha no espelho e se decepciona ao constatar que suas orelhas ‘ainda’ estão lá”, diz especialista

Orelha de abano é a deformidade congênita mais comum relacionada à cabeça e pescoço, ocorrendo em 5% da população. Costuma atazanar a vida de muitas crianças e adolescentes, alvos de apelidos como ‘dumbo’ e ‘asa delta’. De acordo com a Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos, a otoplastia – cirurgia que resolve o problema – é a terceira mais requisitada entre jovens de 13 a 19 anos. Só perde para rinoplastia (diminuição do nariz) e ginecomastia (redução de mamas em meninos).

De acordo com o cirurgião plástico Fabrício Torres, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, apesar de a otoplastia poder ser realizada em crianças a partir dos sete anos de idade, é muito importante conversar demoradamente com o paciente e seus pais, a fim de obter uma completa avaliação do quanto o problema vem afetando a auto-estima e demonstrar claramente qual será o resultado esperado.

“Às vezes, o paciente operado olha no espelho e se decepciona ao constatar que suas orelhas ‘ainda’ estão lá”, diz Torres. “Para ele, pouco importa se quase todo mundo tem orelhas aparentes, embora pouco pronunciadas. Esse paciente não ficará satisfeito, porque o problema tomou proporções gigantescas ao longo dos anos, comprometendo sua imagem corporal. Nesse caso, cabe ao cirurgião orientá-lo no pré-operatório e mostrar o posicionamento ideal e estético de uma orelha normal, para evitar expectativas irreais.”

Para a maioria dos que se submetem à otoplastia, entretanto, a cirurgia apresenta excelentes resultados. Quanto mais cedo acontecer, menores serão os problemas psicológicos que a criança terá de enfrentar. Mas, o cirurgião plástico alerta: “Os pais somente devem optar pela cirurgia se a criança expressar seu descontentamento. Crianças que manifestam espontaneamente sua vontade de mudar, normalmente cooperam mais durante o procedimento e toleram melhor a recuperação”.

A otoplastia geralmente é realizada em ambiente hospitalar. Como a maioria dos casos dispensa internação, pode ser realizada em clínica de cirurgia plástica. A anestesia local é utilizada na grande maioria dos casos, sempre assistida por um anestesista. Crianças devem receber também um sedativo para relaxar durante o procedimento.

“É feita uma pequena incisão na parte de trás da orelha, a fim de alcançar a cartilagem. Então, essa cartilagem é esculpida de modo a ficar mais próxima da cabeça. Pontos não-removíveis podem ser usados para ajudar a manter o novo formato. Outra técnica envolve a retirada somente de pele, preservando a cartilagem. Mesmo que apenas uma orelha seja mais protuberante, o ideal é operar as duas, com o objetivo de alcançar um equilíbrio visual maior. Em poucos dias o paciente estará totalmente recuperado da cirurgia, usando apenas uma bandagem para proteger as orelhas. Após uma semana, poderá retornar às aulas, tomando cuidado apenas durante brincadeiras e práticas esportivas”, explica Fabrício Torres.●

Fonte: Dr. Fabrício Torres, cirurgião plástico, membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

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