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11 perguntas e respostas sobre INFERTILIDADE

19/11/2007

Silvana Chedid, ginecologista especialista em Medicina Reprodutiva, diretora da clínica Chedid Grieco e chefe do setor de Reprodução Humana do Hospital Beneficência Portuguesa, responde 11 questões-chave sobre infertilidade – mal que atinge homens e mulheres na mesma proporção.

1- Como saber se não sou fértil?

Silvana Chedid – “Infertilidade significa dificuldade de se obter gestação após, pelo menos, um ano de manutenção de relações sexuais regulares, sem uso de métodos anticoncepcionais. Em mulheres com mais de 35 anos, a investigação pode ser iniciada mais cedo, depois de seis meses de tentativas”.

2- Quem sofre mais com a infertilidade? O homem ou a mulher?

Silvana Chedid – “A infertilidade não é causada exclusivamente por um problema na mulher ou no homem. Os motivos que costumam dificultar uma gravidez normalmente se referem a homens e mulheres em partes iguais, isto é, 40% associados a eles, 40% a elas e 20% ao casal”.

3- Como descobrir a raiz do problema?

Silvana Chedid – “O homem pode ser investigado de maneira simples e quase sempre concentrada em um único exame, o espermograma, que avalia o número e a qualidade dos espermatozóides. Para que o espermograma seja considerado normal, é necessário que haja um número mínimo de espermatozóides com motilidade rápida e forma normal. No caso da mulher, a investigação é um pouco mais ampla. Os exames fundamentais são: dosagens hormonais, ultra-sonografia transvaginal, e histerossalpingografia. Em alguns casos podem ser necessários exames um pouco mais sofisticados, como a vídeo histeroscopia (para avaliação da cavidade uterina) e vídeo laparoscopia”.

4- Quais são as causas mais comuns da infertilidade?

Silvana Chedid – “As principais causas de infertilidade na mulher estão relacionadas a problemas ovulatórios, obstrução nas trompas (em geral causada por infecções pélvicas) ou endometriose. Não são infreqüentes os casos imunológicos, em que ocorre produção de anticorpos que diminuem a capacidade de fertilização dos espermatozóides e a capacidade de implantação dos embriões. Com relação aos homens, várias condições podem comprometer a fertilidade. Qualquer fator responsável por alterações que dificultem ou impeçam a produção adequada das células germinativas tem como conseqüência uma diminuição ou abolição da capacidade fértil. E isso ainda pode ser agravado por maus hábitos e fatores externos”.

5- É verdade que a poluição ambiental dificulta a gravidez?

Silvana Chedid – “Inúmeros fatores já foram e continuam sendo objeto de estudo para se identificar as causas do aumento dos índices de infertilidade em todo o mundo nos últimos anos. Fatores ambientais relacionados à poluição do ar, da água e à toxicologia alimentar têm demonstrado uma correlação direta com o aumento dos índices de infertilidade”.

6- A obesidade conta desfavoravelmente?

Silvana Chedid – “Sim. A infertilidade é diretamente influenciada pelo índice de massa corpórea. Tanto a obesidade como o baixo peso extremo interferem na produção da leptina, que, por sua vez, interfere no processo de maturação folicular na mulher, levando a ciclos anovulatórios e a uma menor receptividade endometrial. Vários estudos também comprovam que homens acima do peso têm espermas de pior qualidade, enfrentando dificuldades para ter filhos. Em alguns casos, perder peso contribui para aumentar as chances de concepção. O problema se agrava quando, além de estar acima do peso, o homem tem mais de 40 anos e é fumante. Isto sem falar que estresse, poluição, sedentarismo e falta de alimentação adequada também influenciam negativamente nesse processo”.

7- A ingestão de gordura trans também prejudica o casal?

Silvana Chedid – “A gordura trans (ou gordura ‘ruim’) sempre foi tradicionalmente estudada em relação à doença coronariana e cardiovascular. Em relação à infertilidade, os estudos são recentes. O tema despertou a curiosidade dos pesquisadores que, conhecendo a relação entre obesidade e distúrbios ovulatórios, tentaram identificar quais os componentes da dieta relacionados ao sobrepeso, como as gorduras trans e o açúcar, que poderiam estar mais freqüentemente envolvidos na gênese da infertilidade”.

8- Qual é a dieta mais adequada para quem quer engravidar?

Silvana Chedid – “A dieta mais adequada é aquela balanceada do ponto de vista calórico total. Deve-se substituir a ingestão das gorduras trans pelas gorduras ‘boas’, presentes principalmente nos vegetais, e evitar a ingestão de alimentos com alto índice glicêmico. A dieta deve ainda ser rica em frutas e verduras bem lavadas, a fim de se remover os agrotóxicos”.

9- O cigarro é um vilão também nessa história?

Silvana Chedid – “Com certeza. Não apenas o fumo, como também maconha, álcool, anabolizantes e até mesmo algumas drogas prescritas, podem interferir bastante na capacidade reprodutora de homens e mulheres. Essas drogas são responsáveis pela maioria dos casos em que a investigação da infertilidade se mostra complexa. Até mesmo medicamentos para depressão e pressão alta oferecem riscos aos pacientes, indo além da perda de libido. Eles podem reduzir a quantidade de espermas, gerar problemas de ereção e desregular a menstruação”.
10- Excesso de preocupações e estresse podem impedir a gravidez?

Silvana Chedid – “Sim. O estresse inerente aos moradores dos grandes centros urbanos, que dificulta a manutenção de horários e hábitos regulares de alimentação e predispõe ao desenvolvimento de uma série de doenças, certamente pode levar à infertilidade. Felizmente, hoje em dia existem muitas opções de tratamento e é muito difícil existir uma situação em que não haja nenhum recurso que possa ser oferecido ao casal.

11- Diante de tantas causas que podem levar à infertilidade, como ter o filho tão desejado?

Silvana Chedid – “Muitos casos podem ser resolvidos com medidas simples, como, por exemplo, o controle da ovulação para um coito programado ou uma pequena estimulação ovariana para se aumentar as chances de gravidez. As técnicas disponíveis em Medicina Reprodutiva vão desde a inseminação intra-uterina até as técnicas de fertilização in vitro. Quando associadas a mudanças de hábitos alimentares e de vida, permitem que, mesmo na correria do dia-a-dia, o casal possa curtir uma gestação de uma forma segura e saudável”.

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