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Especialista revela traços da psicopata Flora, de A Favorita

18/08/2008

O que leva uma pessoa aparentemente normal
a cometer crimes bárbaros?

Recentemente, a personagem vivida por Patrícia Pillar (Flora) na novela “A Favorita” revelou que por trás daqueles olhos azuis e daquela carinha de anjo se esconde uma psicopata, capaz de matar quando contrariada ou colocada contra a parede. Na vida real, casos como o de Susane Richthoffen, que planejou o assassinato dos pais, ou mesmo da menina Isabella, supostamente jogada do sexto andar pelo próprio pai deixam uma interrogação: como identificar esses traços nas pessoas com quem convivemos?

De acordo com o Prof. Dr. Luiz Gonzaga Leite, chefe do Departamento de Psicologia do Hospital Santa Paula (SP), “a personalidade anti-social desses casos, tanto da ficção quanto da vida real, pode ser considerada como um acidente evolutivo do desenvolvimento da consciência moral na formação do caráter”.

A moral, ou seja, o controle ético pessoal não nasce com a pessoa. Segundo o psicólogo, há varias teorias sobre a ‘psicopatia’. Enquanto a Psiconeurologia explica o transtorno como uma alteração de estruturas cerebrais, a Comportamental vê no período do desenvolvimento psicoafetivo da criança a raiz desse transtorno, tendo como principal causa uma formação frágil ou inexistente de padrões de conduta ética e moral.

Leite diz que a psicopatia consiste num conjunto de comportamentos e traços de personalidade específicos. Encantadoras à primeira vista, essas pessoas geralmente causam boa impressão e são tidas como “normais” pelos que as conhecem superficialmente. “No entanto, costumam ser egocêntricas, desonestas e indignas de confiança. Com freqüência, adotam comportamentos irresponsáveis, com a única motivação de se divertirem com o sofrimento alheio. Os psicopatas não sentem culpa. Nos relacionamentos amorosos, são insensíveis e detestam compromisso. Sempre têm desculpas para seus descuidos. Raramente aprendem com seus erros ou conseguem frear impulsos”.
Segundo o psicólogo, vale ressaltar que a maioria dos psicopatas não é violenta e grande parte das pessoas violentas não é psicopata. “A maioria de nós cruzará com pelo menos uma figura psicopata em um dia normal. Carismáticos e espertos, eles seduzem pelo charme e fluência verbal, apenas para usar impiedosamente suas vítimas segundo seus próprios fins”.
Os psiquiatras americanos Cleckley e Hare afirmam que essas pessoas estão por aí e ascendem nas organizações. Já o psicólogo organizacional americano Paul Babiak afirma que o clima empresarial de hoje – acelerado, competitivo e muitas vezes caótico – promove o estímulo que os psicopatas buscam e dá cobertura suficiente para seu comportamento manipulativo.
No caso de Flora, que sempre sentiu a preferência do pai por Donatella, e que, depois, foi rejeitada pelo homem que amava novamente porque ele preferiu ficar com a esposa Donatella, os distúrbios de personalidade estão evidentes. Mas, segundo Luiz Gonzaga Leite, essas pessoas podem se beneficiar da psicoterapia como quaisquer outras. “Mesmo que seja muito difícil mudar comportamentos psicopatas, a terapia pode ajudar no controle de seus comportamentos”, diz.

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