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Gosto pela leitura é herdado dos pais, diz idealizador da Cidade do Livro - primeiro parque temático cultural de SP

26/09/2008

Dados recentemente divulgados pelo IBGE revelam que, em 2007, 1,3 milhão de crianças entre oito e 14 anos de idade não sabiam ler nem escrever, apesar de 1,1 milhão freqüentar a escola. Na opinião do empresário Claudio Amadio, idealizador da Cidade do Livro – primeiro parque temático de São Paulo totalmente voltado à leitura – o maior estímulo à leitura vem dos pais. Ainda assim, Amadio acredita que o personagem Harry Potter contribuiu muito nos últimos anos para que mais crianças tomassem gosto pela leitura. Acompanhe entrevista:

Quando você idealizou um parque temático totalmente voltado ao estímulo à leitura, já havia a percepção de que as crianças e pré-adolescentes lêem pouco?

Claudio Amadio - Sim. Era possível notar pela quantidade de adultos não-leitores, ou seja, é preciso criar o hábito de ler desde cedo.

A que você atribui a falta de vontade de ler das crianças?

Claudio Amadio - Para incentivar o hábito da leitura nas crianças, é muito importante o exemplo dos adultos em casa e, principalmente, ter livros por perto. No Brasil, temos poucas livrarias em relação à nossa área física e à população do país. Mas, não podemos nos enganar. Um livro fechado na estante apenas decora o ambiente. Por isso, é preciso intermediar esse contato com o livro de maneira lúdica e criativa.

Nestes 11 anos de Cidade do Livro, quais foram as principais mudanças de comportamento das crianças?

Claudio Amadio - A desmistificação de que os livros são chatos. É possível ter horas de entretenimento e diversão rodeados de livros e num ambiente cultural.

Você nota diferença nos professores e diretores de escolas?

Claudio Amadio - A cada ano aumenta o número de escolas que adotam o passeio. Isso revela que cada vez mais os educadores integram o incentivo à leitura e o letramento aos projetos interdisciplinares da escola. Até o fim deste ano, devemos atender 1.200 escolas, 8.500 educadores e 80.000 alunos – o que representa um crescimento de 40% nos dois últimos anos.

Quais são as principais mudanças dos autores em relação aos livros que vêm sendo editados para o público infantil?

Claudio Amadio - A grande diferença está na diversidade de formatos, tipos, ilustrações e assuntos. Existem livros para todas as idades e todos os bolsos, com muita qualidade nos textos de escritores nacionais e nos textos traduzidos.
Harry Potter de alguma maneira contribuiu para alguma mudança de comportamento em relação à leitura?

Claudio Amadio - Muito! É muito bom ver crianças entre oito e 14 anos lendo livros de 400 páginas sem se preocupar com quantas páginas faltam para acabar. Melhor ainda é ver que mesmo quando o filme, baseado no livro, está em cartaz continua uma grande procura pelo livro.

Quais são os sucessos de público infantil atualmente?

Claudio Amadio - É difícil destacar apenas alguns títulos na Cidade do Livro. Incentivamos a leitura por prazer, baseada na escolha do seu próprio livro. Dessa forma, temos público para todos os livros expostos.

Você sente que as escolas públicas também deveriam fazer algumas ações de estímulo à leitura? A Cidade do Livro tem algum projeto nesse sentido?

Claudio Amadio – Geralmente, as escolas públicas têm excelentes projetos de leitura. Quando existe limitação de verba, a criatividade compensa. A Cidade do Livro tem uma política de preços para incentivar a vinda de escolas públicas ao passeio. Além do trabalho com ONGs e Entidades Assistenciais, às quais oferecemos visitas com gratuidade.

Quais são as metas da Cidade do Livro para os próximos dois anos?

Claudio Amadio - Anualmente criamos novos temas, cenários e personagens. Em 2008 começamos um projeto itinerante, no norte do país, e esperamos oferecer para todas as regiões nosso projeto de incentivo à leitura até 2010.

Nas férias de julho, a Cidade do Livro abriu suas portas para os pais, da mesma forma que está fazendo agora em outubro, mês das crianças. Qual foi a reação dos adultos?

Claudio Amadio - Os resultados foram excelentes. Muitos pais participaram e se sensibilizaram com a importância de contar histórias e propiciar o contato dos filhos com o universo dos livros. É muito bom quando ouvimos um adulto dizer: “Eu não tenho o hábito de ler, porque não tive oportunidade quando era criança. Mas com meu filho será diferente, agora que eu sei a importância da leitura”.

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